Educadores celebram finalização do documento; próximas etapas envolvem normatização e formação de profissionais da Educação
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE) realizou, nesta terça-feira (11/12), no Hotel Dayrell, em Belo Horizonte, o Encontro Estadual do Currículo Referência de Minas Gerais para apresentar o documento final discutido ao longo de 2018 e entregá-lo ao Conselho Estadual de Educação, bem como à União dos Conselhos Estaduais de Educação.
O ato de entrega representa um marco histórico para a Educação em Minas Gerais, pois significa a finalização de um documento pensado, elaborado e redigido por milhares de pessoas, no primeiro regime de colaboração entre a SEE e a União dos Dirigentes Municipais de Educação em Minas Gerais (Undime-MG) e que contou, também, com a participação de dezenas de outras entidades. Cerca de 350 pessoas que estiveram envolvidas no processo de discussão do documento estavam presentes na cerimônia.
A entrega do Currículo Referência de Minas Gerais foi feita pelo secretário de Educação em exercício, Wieland Silberchneider, e pela presidente da Undime-MG, Andrea Pereira da Silva, ao presidente do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais (CEE-MG), Hélvio de Avelar Teixeira.
Wieland Silberschneider cumprimentou a equipe responsável pela elaboração, redação e construção do Currículo e falou do papel de cada parte envolvida, além de comentar sobre a importância do que vem por agora. “Hoje chegamos a uma etapa importantíssima, devido ao tamanho do desafio que foi gerar esse documento. Mas é o início de uma segunda e mais importante caminhada, que é tornar esse currículo uma realidade. Em vista do tamanho da rede pública de Educação em Minas Gerais, é preciso alinhar esta referência comum que existe como uma estrutura básica e coerente com o reconhecimento pelo professor das especificidades da sua turma, da sua região, com a criatividade e autonomia que ele naturalmente leva para a sala de aula, e que têm que ser respeitadas. Esse é o nosso grande desafio”, pronunciou o secretário em sua fala aos presentes.
Já a presidente da Undime-MG revelou os desafios que todo o processo de construção do Currículo envolveu e comemora a entrega. “Quando o Ministério da Educação (MEC) nos colocou o prazo de menos de um ano para entregar o Currículo, eu me assustei. Muitos Estados tem 70, 80, 90 municípios. Mas Minas Gerais tem 853 com especificidades completamente diferentes. Então me vieram à mente dois grandes desafios: conseguir fazer essa entrega com a mesma quantidade de redatores dos outros Estados e em regime colaborativo com a SEE, algo que nunca tínhamos feitos, ainda mais em uma dimensão tão grande. Mas a garra, a força, a inteligência e a sabedoria de todos os envolvidos fizeram o jogo virar e Minas Gerais chegou como referência. E aí está o currículo pronto, entregue, e, depois de um processo árduo e difícil, estamos todos muito orgulhosos”, afirmou Andrea.
“É um prazer receber este documento e também uma enorme responsabilidade. Vamos trabalhar em equipe para que consigamos, ainda nas plenárias deste ano, a resolução normativa do Currículo Referência de Minas Gerais”, disse o presidente do CEE-MG, Hélvio Avelar de Lima.
Para a coordenadora do Currículo Referência de Minas Gerais pela SEE, Geniana Guimarães Faria, o momento é de celebração. “Esse dia é de muita alegria, porque entregamos um documento de caráter totalmente participativo e democrático, construído a várias mãos, ou seja, recebemos contribuições de escolas, universidades, entidades, entre diversas outras de várias partes do Estado. É uma alegria entregar um currículo que sabemos que é legitimo e que representa boa parte dos educadores de Minas Gerais. Além disso, foi um movimento que inaugurou uma outra frente, que foi esse regime de colaboração, um trabalho mais próximo das redes municipais, das redes privadas, ou seja, que envolveu a discussão de todos que defendem uma Educação mineira de qualidade”, esclareceu Geniana.
Os próximos passos, segundo a coordenadora, são a aprovação e normatização do Currículo pelo Conselho Estadual e conseguinte formação dos educadores. “Precisamos capacitar os professores para que eles tenham conhecimento desse documento, para que eles cheguem em sala de aula com mais propriedade, para que se sintam representados e compreendam as concepções que estão embasando esse currículo e cada um dos componentes curriculares. E, tendo em vista o tamanho de Minas Gerais, certamente esse trabalho de formação também será realizado em regime de colaboração”, disse.
Construção do Currículo
A analista de gestão que integrou a equipe técnica de construção do Currículo pela SEE, Camila Nonaka, acredita ser difícil resumir esse trabalho em poucas palavras, mas descreve como aconteceram alguns dos processos. “Foram meses muito intensos porque a responsabilidade de fazer um documento importante como esse é muito grande. Ainda mais neste regime de colaboração, que traz diversos pontos de vista e traz a união de várias entidades que estão em prol de um objetivo comum, que é garantir os direitos de aprendizagem de todos os estudantes mineiros. Essa versão final vem de um consolidado de todas as contribuições recebidas tanto na consulta pública quanto nos encontros municipais, e a gente acredita que que o documento conseguiu respeitar toda a diversidade de Minas Gerais”, disse a analista.
A consulta pública foi on-line e aconteceu durante os meses de agosto e setembro. Ao todo, mais de 404 mil contribuições foram feitas. Já nos encontros municipais, realizados pela SEE em parceria com a Undime-MG, foram cerca de 58 mil pessoas presentes para discutir a versão preliminar do currículo e enviar sugestões.
A coordenadora do Currículo pela Undime-MG, Maria Virginia Morais Garcia, acredita que Minas Gerais, com toda sua diversidade e especificidades, está bem representada pelo fato de ouvir tantas pessoas durante todo o processo. “Este não é um trabalho feito por poucas pessoas para muitas pessoas, como geralmente acontece. Pode-se dizer que foi um trabalho feito a centenas de mãos, com milhares de contribuições de pessoas de todas as partes de Minas Gerais”, concluiu.
Revisão do Currículo
Desde que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi homologada, em dezembro de 2017, fez-se necessário, em todas as redes educacionais, a revisão de seus currículos de Ensinos Infantil e Fundamental para que neles fossem incluídos sugestões de conhecimentos, competências e habilidades que se esperam que os estudantes desenvolvam ao longo da Educação Básica, independentemente da escola que frequentam.
Em Minas Gerais, para a revisão e elaboração de um novo currículo, foram designados 22 redatores responsáveis por escrever os diversos componentes curriculares, uma Comissão Estadual composta por educadores de vários órgãos e um comitê executivo, formado por equipes da SEE e da Undime-MG, para discussão e elaboração do plano de trabalho dos redatores.